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Até onde somos capazes de ir e o que somos capazes de fazer por dinheiro?

por Keila, a Loba, em 20.11.11

 

        Recebi um folder de uma empresa de turismo no qual estão sendo apresentadas 5 opções de viagens de turismo de alto luxo, sendo todas as opções a partir de R$ 12.000,00. Li todos os roteiros, sonhei com a possibilidade de ver de perto as pirâmides do Egito, os templos de Angkor, o Taj Mahal, o mercado de tapetes persa...  Queria viajar imediatamente para todos os destinos propostos, mas não consegui encaixar financeiramente meu padrão econômico para a realização do que estavam me propondo.  Enfim, há lugares em que nosso bolso não deixa caber nossos sonhos.  

 

 

 

        Fiquei pensando em como devem se sentir as pessoas milionárias, quando quase nada na vida as priva de realizarem o que desejam. Pensemos no jogador Neymar, que ganha 1,6 milhões mês.... Qual a percepção e relação do jogador Neymar com os objetos que fazem da vida dele um luxo? Como uma pessoa milionária consegue – e se consegue - separar dinheiro do amor? Quais os temores que trazem infelicidade à vida de um milionário? Será que pessoas ricas demais apresentam o mesmo nível de disfunção de alguém pobre demais, sendo esses sintomas ao contrário? Enquanto os pobres se concentram apenas nas ausências materiais visíveis em suas vidas, será verdade que quem é rico demais foca quase sempre suas próprias necessidades, e se desliga completamente das coisas que acontecem ao seu redor?

 

        Como disse Mahatma Gandhi, "A diferença entre o que nós fazemos e o que somos capazes de fazer seria o suficiente para resolver a maioria dos problemas do mundo." Se for verdade que cada um de nós tem um preço, uma valia, pensando franca e sinceramente: o que somos capazes de fazer por dinheiro?

 

 

        A moeda, como hoje a conhecemos, é o resultado de uma longa evolução. No início não havia moeda. Praticava-se o escambo, que era a simples troca de mercadoria por mercadoria, sem equivalência de valor. Alguns historiadores dizem que as primeiras moedas sugiram na Lídia, atual Turquia. Mas há controvérsias.

 

 

 

        Para Carl Menger, fundador da Escola Austríaca de Economia, não há qualquer registro histórico sobre quem criou o dinheiro, tampouco em quais circunstâncias, mesmo com o dinheiro tendo sido utilizado por todas as civilizações antigas. Menger diz ainda que é improvável que alguém tenha inventado a ideia de dinheiro sem antes ter vivenciado essa ideia. E, terceiro, mesmo se estipulássemos que um governante pode de fato ter tido a ideia de dinheiro enquanto vivia em um estado de escambo puro, e que esse governante tenha de fato designado qual bem serviria de dinheiro, isso ainda não seria suficiente (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=209).

 

 

        Psicologicamente o dinheiro é sentido como a alavanca de um sonho que gostaríamos de efetuar, assim sendo, seu caráter é totalmente futurista, contribuindo para o incremento do poder do tempo sobre o prazer do indivíduo, ressecando por completo a vitalidade da pessoa, que sempre só pode existir no presente. Já está mais do que na hora de percebermos que o dinheiro é o confidente mais preciso de nossa alma e espelha todas as partes não resolvidas de nossa personalidade; sendo uma espécie de terapeuta que conhece as entranhas de um ser humano, porém, é o mais passivo e omisso em relação a uma atitude de resolução. Um dos instrumentos de aferição da saúde psíquica é exatamente a relação da pessoa com o dinheiro.

 

 

        Freud analisou o desenvolvimento psíquico do dinheiro. Chegou a conclusão que a primeira experiência psicológica de valor para uma criança era o treino do toalete. Assim sendo, as fezes tinham uma conotação de apego para a criança, sendo que a mesma ainda fantasiava inconscientemente que os bebês nasciam através da defecação. Embora tal aparato seja um tanto complicado de ser aceito pelo leigo, o fato é que tal assertiva tem o seu mérito na questão do desenvolvimento do processo mental de retenção e acúmulo.

 

 

A noção de riqueza ou miséria nada tem a ver com o dinheiro para o inconsciente humano, e buscar nossa categoria social no plano mental seria a chave para uma análise mais profunda de nossa alma. Não que toda pessoa que possua o dinheiro seja um miserável emocionalmente, mas perceber que nossa mente reproduz o sistema vigente de estratificações sociais é no mínimo fugir da ignorância pessoal. Qual é o equilíbrio razoável em relação ao dinheiro? Acumular gananciosamente, fazendo da mesquinhez a distração diária para nossa mente? Permitir ser explorado pelas pessoas que culpam e invejam quem possui o dinheiro? Gastar ou reter compulsivamente, se enchendo de dívidas, ou a sensação de reconforto ao ver o extrato bancário? Acreditar que o dinheiro pode ajudar alguém que desconhecemos se em outras instâncias seja merecedor de apoio? Todas estas perguntas todos se fazem quase que diariamente, possuindo ou não dinheiro. O centro da questão é se o mesmo representa o instrumento para algo que desejamos, ou a revanche contra o que sentimos que perdemos e jamais iremos recuperar, mas mesmo assim alimentamos constantemente a dita ilusão (http://antonioaraujo_1.tripod.com/psico1/portugues/dinheiro/dinheiro.html).

 

 

         Pois é, amigos, o capital nos persegue. Afinal, até onde somos capazes de ir e de fazer por dinheiro? Eu estou pensando... Espero que você faça o mesmo.

 

 

 

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publicado às 19:03


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