por Keila, a Loba, em 03.08.07
Com certeza você conhece alguém que passa o dia inteiro falando da vida alheia e não faz nada útil, acertei?
Você é daquelas pessoas que gosta de ver cenas de mutilações, explosões, agressões e acidentes chocantes e fantásticos, pessoas correndo, polícia, bombeiros, sangue, morte e sofrimento?
Gosta de manusear e repassar a meio mundo noticias de golpes, alertas de vírus, truques bancários e afins em mensagens do tipo "cuidado!", "proteja-se!", "seu computador está infestado de vírus" para os amigos via internet, e estas causam pânico e você considera estar fazendo um grande bem a humanidade disseminando esse terrorismo?
Que tal ficar observando o comportamento, o padrão de vida dos vizinhos, e com isso monitorar o que compram, o que têm, os amigos, o lazer, e ter uma baita inveja enrustida de vizinho simpático e generoso?
Há uma categoria de internautas que adora repassar a quantos puder mensagens com mulheres libidinosas, em cenas chocantes com animais, usando drogas, se prostituindo, sendo ameaçadas e estupradas por 3, 4 homens...
É difícil não dar conta de alguém que faz o tipo emocionalmente equilibrado e que tem sempre sábios conselhos a dar, que assume comportamento maduro, moral e ético, tradição é sua cara, mas a vida pessoal esconde trapaças, infidelidade, destrato, indiferença e frieza extrema;
E quantos não acreditaram estar diante da pessoa perfeita, da alma gêmea, alguém com pensamentos e emoções em sintonia, afinidades nos gostos e escolhas, defeitos invisíveis, e entregou-se de corpo e alma à paixão e, literalmente, caiu com os burros n'água ao descobrir que se apaixonou por uma mentira, uma farsa, uma grande e absurda trapaça?
Aqui no Brasil, quantos de nós acreditaria existir um chefe de administração pública que não leva ilegalmente material "da repartição" para casa, que não seja capaz de meter a mão no dinheiro público, que não cobra 20% sob as transações licitatórias, que não tenha entrado no serviço público por "peixada, e da grande!", que não faça uso do ditado, "se ELES levam, se se dão bem, eu também tenho que me dar bem"?
Ao encontrar uma carteira jogada ao chão, com talão de cheques, vários cartões de créditos, faturas altíssimas que ilustram ser seu dono alguém rico, dinheiro em espécie o bastante para uma boa farra, quantos de nós entregaria ao dono essa carteira intacta e com todos os valores intocados?
Quantos de nós suportaria assumir um cargo parlamentar, passar a fazer parte de importantes grupamentos políticos, ter a oportunidade de estar com empreiteiros, empresários, políticos e afins e não deixar-se seduzir pela propina, ter acesso ao catálogo das possibilidades de como lesar o erário e de ver exemplos de "quem se deu e se dá bem com isso", e não cair na tentação?
...
O fato é que estamos todos muito doentes, os governantes estão desacreditados, a política personifica a tragédia mundial, as relações e inter-relações estão fragmentadas, a maneira como vemos e sentimos a Terra está destruindo o presente e futuro das gerações, os povos em grande parte do mundo estão doentes, famintos, desempregados, oprimidos, solitários, com medo e sofrendo da normose coletiva...
A maior doença da atualidade não é a depressão, como dizem alguns médicos, mas a omissão e a apatia. Diga o contrário, se for capaz!
Essa breve pesquisa bizarrológica seria capaz de levantar e enumerar vários outros comportamentos estranhos que muitos de nós têm, mas os reconhecemos apenas entre a classe política. Porque será? Deixo os comentários para que façam uso da palavra e da emoção, e relatem aqui outras manifestações que não fui capaz de lembrar e listar, mas você o fará!
O mundo, o Brasil, têm conserto?
Post inspirado no texto, "Os Arquivos Bizarros", Revista Galileu, Editora Globo.
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52 comentários
De Anónimo a 03.08.2007 às 21:44
Passei para deixar um abraço e desejar um bom fim de semana!***