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"O tempo é como um rio. Você não pode tocar a água de um rio duas vezes, porque a água que passou por entre as suas mãos não é a mesma que vai molhar a sua cabeça".
Conversávamos em uma churrascaria eu e uma amiga que há tempos não nos encontrávamos, e ela me revelou ser “Um tiquinho assim... infeliz”, porque não havia encontrado o homem ideal para preencher o vazio de sua vida. Resolvemos fazer uma lista de predicados para saber de quais qualidades e atributos nós estávamos falando, uma vez que esse “homem das estrelas”, tão ansiado pela maioria das mulheres, será que nunca desce à Terra para formar o seu par?
Anna – nomes fictícios - revelou que o homem ideal deveria ter estatura mediana, nem magro e nem gordo, braços poderosos, olhar penetrante, educado, culto, de sorriso lindo, charmoso e simpático, de preferência médico e sem mulher e filhos - Anna é médica - , que goste de animais e de fugir da rotina.
Enquanto conversávamos sobre as qualidades masculinas, chegou Laura, outra amiga, que nos revelou sua listinha de atributos – alto, magro, sedutor, pegador, financeiramente resolvido, excelente nível cultural, solteiro, romântico, que goste de dançar, de viajar e de crianças.
Precisávamos de opiniões masculinas para compartilhar as nossas avaliações, então chamamos o gerente da churrascaria para opinar sobre as qualidades femininas requisitadas pelos homens. Eis que o gerente, Caio, listou “Bonita, olhos claros, charmosa, com emprego e renda significativos, bom nível cultural, sem filhos e ex-maridos, peitos e bumbum proeminentes, magra, carinhosa, atenciosa, romântica, bom humor, que goste de uma cervejinha e que adore mamãe” – mãe do Caio.
Caio, o gerente, chamou um empresário que também quis listar seus predicados indispensáveis às mulheres: alta, cintura fina, pernas grossas, cabelos longos e claros, magra, seios fartos, glúteos interessantes, bonita, carinhosa, dedicada, não precisa trabalhar, que se cuide bastante e malhe diariamente, bom nível cultural, que goste de campo e de animais, e que adore cozinhar para ele.
Ouvimos todos os predicados listados com atenção, mas não deixamos de perceber que homens e mulheres necessitam reunir aspectos físicos e emocionais em um toque diferencial como fatores apaixonantes em uma pessoa. Quando são fisicamente interessantes, tem bom nível social e cultural, precisam ainda “fugir da rotina”, “gostar de animais”, “ser um pegador”, “gostar de uma cervejinha”, “que adore mamãe”, “não precisa trabalhar”, “que se cuide bastante e malhe diariamente” , “que adore cozinhar”, “de preferência médico e sem mulher e filhos” nessa breve pesquisa. Parece que estamos refazendo as nossas listas de exigências o tempo inteiro, observando mais detalhes nas pessoas, listando mais atributos físicos e exigindo mais qualidades afetivas do que gostar e sermos gostados.
Se a pergunta fosse, “O que o seu companheiro/a não poderia ser e ter?”, certamente as respostas sairiam do campo das idealizações para o campo dos mal estares, pois a pergunta remeteria às várias situações que homens e mulheres já passaram e não gostariam de viver novamente porque, provavelmente, foram essas qualidades e atributos negativos que contribuíram para tanta solidão e insatisfação.
E quanto às minhas postulações sobre o homem ideal, não tenho ao meu lado um Richard Gere ou com um Pierce Brosnan, mas sou casada com um companheiro baixinho e interessantíssimo que me suporta há exatos 24 anos. Que me perdoem Anna, Laura e os dois colegas da churrascaria, mas 24 anos de casamento superam quaisquer listinhas idealizadoras, não é mesmo?