Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



QUEM SOMOS?

por Keila, a Loba, em 29.01.06
Natureza animada.gif


Por iniciativa da Mar, http://ameanatureza.blogs.sapo.pt/, fomos convidados a meditar sobre o matança das baleias em um post emocionante e que diz,
“Envie uma mensagem ao Presidente da Gorton's, Steve
Warhover, solicitando-lhe a persuadir a matriz da Nissui a
encerrar permanentemente a caça de baleias.
https://ctk.greenpeace.org/od-pt/ctk-letters/get-info?letter%5fid=1217787
http://oceans.greenpeace.org/pt/”.


No que se refere ao meio ambiente e à destruição progressiva e sistemática dele, temos certa resistência e dificuldade em acreditar na veracidade do que jornais e Tv's nos alertam a toda hora. De fato, já estamos no Apocalipse, porém, não o estamos percebendo, pois o processo de destruição é lento, invisível, porém progressivo. A perda do número de espermatozóides no homem - talvez nem todos saibam que a ciência prenuncia a extinção humana por conta disso -, o aumento do buraco na camada de ozônio, o degelo da calota polar e conseqüente aumento do nível do mar, a destruição das espécies vivas, estas e outras duras constatações estão literalmente fora do alcance das nossas vistas.

Um outro aspecto não menos importante, e que nos convida a refletir sobre a indiferença que é ver e não acreditar, ou ver e não parar para pensar, é que o ambiente imediato à nossa casa está tão próximo que não percebemos os estragos, por estarmos demasiado acostumados a presenciá-los.

Num rápido passeio na rua, se prestarmos atenção, ficaremos apavorados ao que o ser humano fez no que hoje é seu bairro, sua cidade, seu país: a terra original não existe mais, e está coberta pelas casas ou prédios, por calçamentos ou asfalto. Caminhar, algo tão essencial ao ser humano, exige um tênis com reforço de amortização, algo interessante, mas o homem perdeu a satisfação em andar com os pés no chão e sentindo a terra.

Mesmo encanada, a água está cada vez mais poluída a tal ponto que passamos a comprar água mineral para consumo. O ar que respiramos está se tornando um gás essencial e venenoso, sendo crucial o uso de máscaras em algumas cidades. As matas virgens estão sendo extintas; árvores originais estão dando lugar à vegetação rasteira; já não existe vida animal em abundância, nem pássaros, restando apenas ratos, baratas, cupins, mosquitos e muitos, milhões de vírus e outras bactérias resistentes aos antibióticos, inseticidas e venenos. Se havia em abundância cães e gatos, a população da atualidade é estimulada pela mídia a considerar que animal é sinônimo de raiva, motivo para abandoná-los nas ruas, envenenar, maltratar ou trucidar esses últimos exemplares domésticos.

Observando o ambiente interno de nossas casas, todas as coisas e objetos que usamos, comemos e bebemos, todos eles, provêm da natureza. Ao adquirir objetos que não precisamos, por pura necessidade emocional ou social, estamos consumindo vorazmente uma quantidade maior de materiais do planeta. Observem que há pessoas que colecionam sapatos, outros colecionam carros, há os que têm muitas casas, há ainda aqueles que juntam fortunas, mas desconhecem o caráter materno que emana das profundezas da Mãe Gaia: igualdade. Ela, a natureza, não diferencia ricos ou pobres, apenas dá; e nós não estamos conseguindo preservar esse tesouro, que é para nós essencial e único.

Questionar a sobreposição humana nos induz à pergunta, "Quem somos?", "Quem é você"? Eis uma pergunta incentivada pelos antigos a exatos milênios do magnífico templo de Delfos, local sagrado, que continha no seu frontispício a máxima, "Conhece-te a ti mesmo". Esse apelo ao ser humano significa que, se descobrirmos quem somos, desvendaremos a natureza do universo e de tudo o que existe, conheceremos o âmago da realidade.

Nos tempos modernos, a fisiologia foi atrás do ego ou da consciência. Mas nenhum neurologista encontrou tal definição sob seu escalpo.

A biotipologia tentou definir o eu e foi colocada a dividir a personalidade em três partes fundamentais: endodermo, mesodermo e escodermo.

Freud procurou as respostas no sistema nervoso, e foi não só obrigado a abandonar a pesquisa, mas também acabou dividindo o ego em id, de natureza pulsional e instintiva; o superego, ou as pressões da educação dentro de nós; e o ego, que seria a entidade equilibrante entre as duas outras instâncias psíquicas. Prá complicar, Freud ainda fez a distinção entre ego consciente e ego inconsciente. A esse inconsciente individual, Jung juntou ao que Freud havia descoberto o tal inconsciente coletivo ao que já era de difícil compreensão. Para Jung, o eu está ainda em formação para se tornar indivisível dentro dele e com o self universal. A isso, ele denominou processo de individuação.

O autor da análise transacional, Eric Berne, ao procurar definir o eu, acabou encontrando três partes distintas, a que ele chamou de pai, criança e adulto. A criança quer brincar; o pai fala o que deve ser feito e emite julgamentos; o adulto analisa casa situação e decide o que fazer. Deu prá entender alguma coisa de quem é você?

Aí vem uma criatura de nome Assagioli, e diz que nós temos sete eus!

1. EU como eu quero ser
2. EU como eu não quero ser
3. EU como eu acho que sou
4. EU como os outros querem que eu seja
5. Eu como os outros não querem que eu seja
6. EU como os outros me vêem
7. EU como posso ser

Entre os antigos Terapeutas da Alexandria, havia uma visão que pode servir de ponte para que nós possamos entender o que existe entre eu e o universo, entre eu e a natureza, entre eu e os outros, consequentemente, descobrir por que tanta conversa para falar sobre a morte da cadelinha. É a visão da Memorah , do mundo judaico da Alexandria. Segundo os antigos escritos, o ser humano é simbolizado pela Memorah, um candelabro de sete braços. Porque o ser humano é aquele que resume o mundo animal, o mundo vegetal e o mundo mineral - o mundo da matéria.

Ser um homem é conhecer seu animal e saber que seu animal pode mudar. Ele deve ser dócil e tranqüilo, mas não pode ser perigoso ou violento. Ser homem é conhecer seu vegetal, sua árvore, sua planta, sua flor. E às vezes, no plano da saúde, é a planta que está doente em nós, é a planta que tem necessidade de ar e de sol, que tem necessidade de água.

É preciso também conhecer o seu mineral, sua pedra, sua matéria, que nem sempre é uma pedra preciosa. Alguns se sentem como argila, outros como quartzo, outros sentem familiaridade para com o ouro. É importante reconhecer a nossa ressonância interior com o mundo mineral.

Há também uma dimensão misteriosa do ser humano que é a experiência do seu nada. Que é a experiência do seu frágil. A realidade do seu aniquilamento, que às vezes é vivida em certos estados de depressão. Essa também é uma experiência do ser humano.

Quero questionar aqui algumas verdades fundamentais para nossas vidas no presente e no futuro: Não podemos mais nos apoiar no poder como dominação e na voracidade irresponsável da natureza e das pessoas. Não podemos mais pretender estar acima e sobre as coisas do universo, mas junto com ela e a favor delas. O desenvolvimento deve ser com a natureza, e não contra a natureza. O que deve ser mundializado atualmente é menos o capital, o mercado, a ciência e a técnica. O que deve, fundamentalmente, ser mais mundializado é a solidariedade para com todos os seres, a partir dos mais afetados; a valorização ardente da vida, em todas as suas formas; a participação como resposta ao chamado de cada ser humano à dinâmica mesma do universo; a veneração para com a natureza da qual somos parte, e a parte responsável.

A partir dessa densidade de ser, podemos e devemos assimilar as ciências e as técnicas como forma de garantirmos o ter e de mantermos ou refazermos o equilíbrio ecológico, e de satisfazermos nossas necessidades de forma suficiente e não perdulária. Importante é amar nossa casa, a Terra. Dela depende nossa vida, das mais complexas às mais primitivas formas de ser.

Perguntar não ofende: E aí, já sabe quem somos nós?

Textos de *Jean-Yves Leloup, Leonardo Boff e Pierre Weil,
Colégio Internacional dos Terapeutas
Alterações de texto da Loba



Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 15:12

Pág. 1/5



Mais sobre mim

foto do autor


Pesquisar

Pesquisar no Blog

Arquivo

  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2017
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2016
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2015
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2014
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2013
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2012
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2011
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2010
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2009
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2008
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2007
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2006
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2005
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D

subscrever feeds