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O FIM DOS OCEANOS E O FIM DO MUNDO

por Keila, a Loba, em 02.01.09


 

A superfície da Terra é coberta por 97,5% de água, uma imensidão azul. Esse monstruoso volume de água talvez nos tenha feito acreditar que jamais conseguiríamos afetar a vida marinha e, consequentemente, nada perturbaria a dependência humana desse intrincado e complexo sistema oceânico de forma significativa. Mas, infelizmente, a ação predatória do homem tem mostrado que estamos enganados. Os oceanos e toda a sua diversidade correm perigo, motivo pelo qual inicio 2009 publicando alguns tópicos da Edição da Revista Superinteressante, Edição Verde 260, de 12/2008, intitulada O FIM DOS OCEANOS (http://super.abril.com.br/revista/sumario-edicao-260.shtml).


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Em novembro de 2008, os cientistas fizeram eclodir em todo o mundo um sinal de alerta para que a humanidade tenha a exata dimensão dos perigos da pesca predatória em alto mar, também dos mecanismos “artesanais” usados pelos pescadores para atrair os peixes (documentário PLANETA AZUL EM PERIGO, no canal a cabo Animal Planet). Os perigos listados foram:

O uso de dinamite em alto mar dispersa espécies, mas também mata peixes adultos, peixes que ainda não atingiram a idade adulta, plâncton, envenena as águas, mata corais e a rica flora e fauna marinha;

Uso de arsênico para dispersar os peixes em seus abrigos, fato que contamina as águas e mata quase todas as espécies por asfixia;

Uso de quilômetros de redes de nylon que varrem os oceanos com suas enormes bolas de ferro (essas bolas varrem os oceanos e matam peixes, outras espécies e recifes de corais que levaram séculos para serem formados);

Quando as redes de nylon são içadas para a superfície, os pescadores separam as espécies com reconhecido valor de venda no mercado internacional ou local, e desprezam os demais peixes. Alguns exemplares que não atingiram a idade adulta chegam à superfície sem vida e são lançados ao mar para servirem como alimento. Espécies inteiras estão ameaçadas de extinção;


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Os peixes que servem de alimento para as populações mais pobres estão cada vez mais escassos nos mares. O motivo? Os pescadores os jogam de volta aos mares já sem vida, por seu pouco valor comercial, ou os utilizam para serem industrializados e servirem como ração animal para espécies que vivem em cativeiro (como o atum azul, por exemplo);

76% dos japoneses se alimentam exclusivamente de peixes. Porque têm dieta quase que exclusivamente marinha, os japoneses são o único país do mundo que estão estudando outras formas de pesca para preservar o atum azul e outras espécies da extinção. O resto do mundo ainda não pensou sobre o assunto;

Os animais marinhos usam a audição para quase tudo – para encontrar o lugar de procriação, o parceiro sexual, a comida. O mar virou uma linha cruzada dos diabos. Cientistas concluíram que a baleia-azul está ficando surda – escuta a distâncias até 90% menores do que antes. Já a orca está precisando gritar – produzir cantos mais longos para se fazer ouvir. Outras baleias aparecem mortas nas praias após testes militares com sonares caça-submarinos – seus 235 decibéis causam hemorragia nos ouvidos e nos olhos dos animais * (http://planetasustentavel.abril.uol.com.br/noticia/lixo/conteudo_410954.shtml)

Segundo a ONU, os mares estão em ruínas porque pescamos demais, produzimos lixo, gases do efeito estufa e esgoto demais e bagunçamos os ecossistemas. Pior: nem fazemos idéia do que está acontecendo lá embaixo em conseqüência disso. Ultimamente, aprendemos a pensar que o oceano está trasbordando de tanta água. Mas está acontecendo o contrário: ele está esvaziando, perdendo vida; (*)

Conhecemos melhor o solo da Lua do que o fundo do mar, dizem os ecologistas. Nossa última fronteira são as águas profundas: entre 200 e 7 mil metros submarinos. Elas são 90% do volume dos oceanos e podem abrigar até 100 milhões de espécies – mais do que em todo o resto do planeta. A essa profundidade, não há luz para sustentar o fitoplâncton. Portanto, só animais e bactérias circulam. Até os 1 000 metros ainda há um lusco-fusco. Abaixo disso, a escuridão é total. Faz frio, de até 3oC (*);

As criaturas monstrengas das profundezas têm dentes ou olhos desproporcionais, protuberâncias que brilham no escuro, dimensões assustadoras – um tipo de água-viva chega a 40 metros de comprimento (algo como 13 andares)! Normalmente, esses seres vivem de restos caídos das águas de cima. Vivem muito tempo e deslocam-se e reproduzem-se com mais lentidão que os de superfície – por isso suas populações sofrem muito mais impacto com a sobrepesca. Já comemos animais dessas profundezas. Por exemplo, o feioso olho-de-vidro, que nada a até 1 800 metros de profundidade, vive 150 anos e não procria antes dos 30 – por isso pescá-lo comercialmente é tão pouco sustentável (*);


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No Brasil, os criadores de camarão desmatam e poluem imensas áreas de mangues preservados. Criadouros de salmão do Canadá sofreram uma explosão de parasitas que infestou o mar aberto e as populações selvagens (*);

Todos os dados indicam “com esmagadora evidência” que os oceanos estão sofrendo, especialmente durante os últimos cinco anos, uma acelerada degradação, o que os está levando ao “umbral do colapso”, nas palavras de Carlos M. Duarte. Ele é um dos biólogos mais reconhecidos em ecossistemas marinhos e co-diretor do I Congresso Mundial de Biodiversidade Marinha, que reúne desde terça-feira, em Valência, mais de 500 pesquisadores. Duarte não economizou adjetivos para destacar que as agressões que o ambiente marinho suporta levam a uma erosão global de sua biodiversidade “que pode encontrar na mudança climática seu golpe de misericórdia que cause uma deterioração catastrófica” (* http://www.ecodebate.com.br/index.php/2008/11/14/a-um-passo-do-colapso-dos-oceanos/);

Por um lado, há a pesca predatória e o progressivo esgotamento da pesca. Os dados indicam que as atuais reservas representam 10% das existentes no começo do século XX e o ritmo de extração só se mantém graças ao ingente investimento em meios e tecnologia. Além disso, não se pode ignorar a mudança climática e o aumento da temperatura da água, cujos efeitos já podem ser observados. A Associação de Biologia Marinha do Reino Unido constatou em espécies invasoras de microalgas marinhas o deslocamento de 50 quilômetros por década para lugares que antes lhes eram hostis (*);

A interferência da atividade humana também é responsável pelo aumento das chamadas zonas mortas, porções de água com níveis de oxigênio tão baixos – abaixo dos quatro miligramas por litro – que a existência de vida se torna impossível. Encontram-se, sobretudo, nas faixas oceânicas costeiras e estão crescendo a um ritmo de 5% ao ano. Este aumento está relacionado ao descarte de nitrogênio – em boa medida devido aos fertilizantes –, matérias orgânicas – dejetos humanos – e sedimentos, que provocam a proliferação de algas e a queda vertiginosa da concentração de oxigênio. Também influi nesta diminuição o aumento de CO2 ambiental, que interage com a água, reduz o pH oceânico (aumenta a acidez marinha) e compromete as espécies que têm esqueletos baseados em carbonatos, como moluscos ou corais.(*);

Menos de 6% dos oceanos que banham a Terra foi pesquisado, o que indica que estamos matando algo grandioso e que nem conhecemos. Cientistas dizem que pode estar no fundo dos oceanos a cura para muitas das doenças atuais, inclusive o câncer;

Acidez dos oceanos atinge a fauna - O aumento nos níveis de dióxido de carbono na atmosfera fez a acidez dos oceanos crescer 10 vezes mais rápido do que o previsto, revelou um estudo, iniciado há oito anos, e publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. Isso pode desequilibrar o ecossistema, colocando em risco os estoques de frutos do mar (http://www.ecodebate.com.br/index.php/2008/12/17/aumento-das-emissoes-de-co2-fez-a-acidez-dos-oceanos-se-agravar-10-vezes-mais-que-o-previsto/);


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Outras fontes de pesquisa:

http://www.ecodebate.com.br/index.php/2008/12/17/aumento-das-emissoes-de-co2-fez-a-acidez-dos-oceanos-se-agravar-10-vezes-mais-que-o-previsto/

http://www.ecodebate.com.br/index.php/2008/11/18/aumento-de-absorcao-de-co2-pelos-oceanos-aumentara-as-zonas-nos-oceanos-tropicais/

http://www.ecodebate.com.br/index.php/2008/11/17/inglaterra-populacao-de-zooplancton-foi-reduzida-em-70-ao-longo-de-4-decadas /

http://www.ecodebate.com.br/index.php/2008/11/14/a-um-passo-do-colapso-dos-oceanos/

http://www.ecodebate.com.br/index.php/2008/11/08/sobrepesca-europeia-ameaca-o-atum-azul/

http://www.ecodebate.com.br/index.php/2008/10/31/um-terco-da-captura-mundial-de-peixe-e-desperdicado-na-producao-de-racao-ani mal/

http://www.ecodebate.com.br/index.php/2008/10/11/assim-no-mar-como-na-terra-artigo-de-marcia-pimenta/

http://planetasustentavel.abril.uol.com.br/noticia/lixo/conteudo_410954.shtml

http://www.adadigital.net/index.php?option=com_content&view=article&id=2237:o-business-dos-blogs-e-a-importancia-dos-oceanos- &catid=70:ti&Itemid=204

http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/conteudo_232707.shtml

http://planetasustentavel.abril.uol.com.br/noticia/ambiente/conteudo_411244.shtml

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Tartaruga deformada por aro plástico



Não podemos deixar de usar os peixes e outros alimentos marinhos como refeição, mas podemos nos atualizar sobre a ação predatória do homem nos oceanos e promover uma intensa discussão, e até mesmo uma blogagem coletiva, para permitir a circulação desses fatos e evitar O FIM DOS OCEANOS E CONSEQUENTE FIM DA ESPÉCIE HUMANA. Parece pouco, mas é um começo.

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publicado às 03:03

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