por Keila, a Loba, em 11.06.09
Amigos, estou tal e qual o homem que tenta ver a vida do alto de uma colina: ansiosa, um pouco confusa, mas tentando ver um sentido, uma luz, visualizar um novo caminho na vida, quem sabe.
No início dessa semana, estive conversando longamente com um amigo, e ele me disse em tom sério, “Sabe, o seu grande mal é sonhar demais”. E eu concordei. Demoramos mais alguns minutos trocando idéias, mas as suas palavras não me saíam da cabeça – sonhadora demais.
Nos despedimos. Fui para casa pensando em como eu devo incomodar as pessoas por acreditar no que sou capaz, de como ainda é possível..., na possibilidade de reunir potenciais para fazer acontecer, em fazer diferente... clichês que a gente lança mão sempre que se vê “aperreada” em função da opinião alheia. Pensei tanto, que cheguei em casa com dor de cabeça.
À noite, enquanto dormia, sonhei com meus pais sorrindo, me abraçando, e me dizendo que eu precisava tomar os remédios o mais rapidamente possível. No sonho, minha mãe segurava firme a colher, com uma dose de remédio, e me dizia que já havia passado alguns minutos do horário da medicação. Eu, sem compreender a preocupação excessiva da minha mãe, perguntei, por fim, a indicação daquele remédio. Firme, e olhando nos meus olhos, “mainha” me disse: “É pra você crescer, minha filha”.
Amigos, peço desculpas pelas visitas sem retorno, pelo silêncio e pela ausência. Estou quase voltando, amigos. Mais só um pouquinho.... estou voltando.
Três pessoas que passavam em uma pequena caravana, observaram um homem contemplando o entardecer do alto de uma montanha, de onde se via o Deserto do Saara.
“Deve ser um pastor que perdeu uma ovelha, e procura saber onde está”, disse o primeiro homem.
“Não, não creio que esteja procurando algo, muito menos na hora do pôr-do-sol, onde a vista fica confusa. Acho que espera um amigo”, disse o segundo.
“Garanto que é um homem santo, e procura a iluminação”, comentou o terceiro.
Começaram a comentar o que o tal homem fazia, e tanto se empenharam na discussão que quase terminaram brigando. Finalmente, para resolver quem tinha razão, decidiram subir a montanha e ir até o homem.
“O senhor está procurando sua ovelha?”, perguntou o primeiro.
“Não, não tenho rebanho”.
“Então, com certeza, espera alguém”, afirmou o segundo.
“Sou um homem solitário, que vive no deserto”, foi a resposta.
“Por viver no deserto, e na solidão, devemos acreditar que é um santo, em busca de Deus, e está meditando!”, disse, contente, o terceiro homem.
“Será que tudo na Terra precisa ter uma explicação? Pois então, eu explico: estou aqui apenas olhando o pôr-do-sol. Isso não basta para dar um sentido às nossas vidas?”
Paulo Coelho
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