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"O tempo é como um rio. Você não pode tocar a água de um rio duas vezes, porque a água que passou por entre as suas mãos não é a mesma que vai molhar a sua cabeça".
Em abril de 2007, trabalhando com a metáfora “Voar ao encontro do Senhor para pedir-Lhe a realização do meu sonho”, fizemos uma reunião campal com os pacientes do Programa Reviver, e pedimos para que cada um tornasse público seus sonhos. Estes, prontamente, expuseram de forma emocionada suas mais urgentes necessidades e desejos..
Ouvimos os sonhos da casa própria; os sonhos de emprego para filhos e netos; o sonho de um benefício capaz de lhes dar a tranqüilidade de não dever na “bodega”; o sonho que é poder comprar os remédios da “marca que o doutor passou”... mas uma destas expressões nos emocionou profundamente, motivo que nos levou a escrever ofício à Vice-Presidência da República.
O nome dele é/era José Augusto Pires, tinha 53 anos, e faleceu em outubro de 2008 após quase três anos de exaustivos combates contra um câncer de intestino que, por fim, tirou-lhe a vida. Augusto esteve em 1983 em Salvador, e gostou tanto de lá que prometeu a si mesmo voltar um dia para rever os lugares por onde passou, segurando a mão de uma namorada baiana. Salvador foi inesquecível porque aquelas ruas e avenidas deixaram caminhar um Augusto que ainda não tinha câncer.
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O sonho de retornar a Salvador, desta vez ao lado da mãe e dos amigos com quem conviveu no Programa Reviver, estava agendado para os dias 17, 18, 19, 20 e 21/10/2007. Três dias antes da viagem solicitada ao Sr. Governador da Bahia, marcada e agendada com os secretários de saúde, turismo, ação social e bombeiros de Salvador, soubemos que não teríamos o ônibus por nós solicitado ao Governo do Estado do Ceará.
Augusto Pires, 54 anos; e Leda, com 63 anos, vítimas de câncer de intestino e pulmão, faleceram em outubro de 2008. Eram os mais entusiastas da viagem à Salvador.
Em março de 2009 faleceu, de infarto do miocárdio, Raimunda Moreira de Oliveira: 86 anos. Augusto, Lêda e Raimunda, três pessoas que sonhavam com a saúde também conquistada nas estradas da vida.
Em 21 de maio de 2009, uma carta endereçada ao Exmo. Sr. Vice-Presidente da República contou as histórias do Augusto, da Lêda e da Raimunda, e também pediu acomodações em Salvador para os 40 pacientes do Programa Reviver: era chegado o momento de transformar o sonho do Augusto, que também havia se transformado no sonho da Lêda, da Raimunda, e de todos os demais do Programa Reviver, em uma experiência real e significativa.
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De acordo com Leloup (1996, P. 174-175), em hebraico, a palavra doença significa andar em círculos, estar fechado e preso em círculos, fechado na conseqüência dos seus atos e identificar-se com os seus sintomas.
Adoecer é um processo que envolve comprometimentos e dimensões físicas, mentais e espirituais, e estas se articulam de forma complexa aos mecanismos emocionais ainda não compreendidos pela ciência.
Adoecer significa abdicar a saúde em conseqüência da quebra na continuidade organísmica interna e externa, permitindo ao doente assumir posturas de “Quem se fechou em um único nível de interpretação simbólica”, (Leloup, 1996, P. 214-215).
Morre quem não viaja,
não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Pablo Neruda
QUANDO VIAJAR É O REMÉDIO...
● Viajar para aprender a re-significar as experiências da vida, sejam boas ou ruins;
● Viajar para encontrar-se consigo mesmo, experimentando novas reações e descobertas frente ao inesperado;
● Viajar para compartilhar com os outros, sejam doentes ou não, mas que eu possa sentir o quanto somos vulneráveis se estivermos sozinhos;
● Viajar para fortalecer os laços com a Divindade, com a vida, com a natureza; viajar para sentir-me uno com todas as formas de vida e de ser.
“A tarefa primordial dos Terapeutas é Cuidar,
já que é a natureza quem cura.
Antes de tudo cuidar do que ainda não é doente em nós,
do Ser, do Sopro, que nos habita e inspira.
Também cuidar do corpo, templo do Espírito,
cuidar do desejo, reorientando-o para o essencial;
cuidar do imaginal, das grandes imagens arquetípicas que estruturam a nossa consciência, e cuidar do outro,
o serviço à comunidade,
implicando o próprio centramento do Ser”
Jean-Yves Leloup - Fílon e os Terapeutas de Alexandria, Cuidar do Ser (Editora Vozes)