"O tempo é como um rio.
Você não pode tocar a água de
um rio duas vezes,
porque a água que passou por
entre as suas mãos não é a
mesma que vai molhar a
sua cabeça".
À generosa loba-amiga do http://fire-goblindancer.blogspot.com/ o meu sincero agradecimento pelo presentinho recebido. Seja bem vinda aos Uivos da Loba, querida.
Esta semana me aconteceu algo estranho, digno de ser partilhado:
Sugestionada por mágicas, poções, simpatias e outras receitas que fazem do livro ”Dogma e Ritual da Alta Magia”, de Eliphas Lèvy, uma das publicações mais esotéricas do mercado, fui ao banco fazer uma transferência de valores quando percebi uma mulher misteriosa surgir na fila do banco. Ela carregava um imenso pacote amarelo que tocava nas pessoas durante a sua passagem e, por conta disso, não houve quem não percebesse a presença daquela criatura.
Ela tomou, apressada, o seu lugar na fila, pôs o pacote no chão, e dispôs-se a olhar as pessoas a sua volta com a particularidade de quem queria captar mensagens e expressões corporais. E ela conseguiu o seu intento, pois quando jogou sua “atração emocional” no recinto, surgiu um senhor interessado em ajudá-la a carregar o pacote. Eles travaram um conversa amigável, simpática, mas uma ligação telefônica o fez sair apressado do banco, deixando a nossa misteriosa mulher em busca de uma segunda companhia.
Fiquei curiosa ao ver as unhas enormes da mulher, vi anéis em cada dedo, que mais lembravam uma cigana urbana, então decidi iniciar um diálogo sobre o tempo. Disse à mulher que estava ali há alguns minutos, que o banco disponibilizava muitos caixas, mas tinha a impressão de que o relógio não corria à tempo de voltar ao trabalho e concluir meu horário de atendimento.
Após encerrar o breve depoimento sobre a irritante espera que as filas me causam, a mulher sorriu e disse, “Você, como sempre, apressada! Porque não respira e me dá a sua mão?”.
Eu me desculpei, mas a mulher pediu novamente a minha mão, desta vez com uma fala ainda mais mansa e amiga. Vi que várias pessoas da fila também participavam, de alguma forma, daquele encontro de mãos, disse então, “Por que não?”; e pus a minha mão na dela.
Ela fechou os olhos e apertou levemente a minha mão sem dizer uma única palavra por cerca de quinze segundos, respirou fundo, em seguida observei que ela tremeu ligeiramente os olhos para, logo em seguida, abri-los.
Fiquei ansiosa ante o que ela diria sobre a minha mão repousando na dela, mas, para meu espanto, a mulher sequer me olhou nos olhos. Limitou-se a desviar o olhar e a pegar o seu imenso pacote no chão. Saiu ainda mais misteriosa do que quando entrou.
Uma senhora idosa, que observava o desenrolar desse encontro na outra fila, me olhou e disse, “Você tem idade de ser minha filha, mas parece que tem menos juízo do que essa louca aí. E se ela tiver posto um feitiço em você?”.
Quem acredita ou deixaria de acreditar nessas coisas?
É mesmo estranho o que aconteceu, loba, mas não acho que a senhora que falou em feitiço, macumba, bruxaria, ou seja lá o que for, tenha falado a verdade sobre esse encontro. Acho que essas coisas existem, mas existem mais fortes na cabeça de quem acredita e vivencia essas coisas.